" Se a sorte foi um dia alheia ao meu sustento, não houve harmonia entre ação e pensamento."

"Se a sorte foi um dia alheia ao meu sustento, não houve harmonia entre ação e pensamento." - Renato Russo

sábado, 11 de janeiro de 2014

Jornada de Junho: A Primavera Brasileira - Parte 01: Revolta Pelo Transporte Público em São Paulo

Em 2013 algo aconteceu com a sociedade brasileira, a tensão emanada de todos os mecanismos coerção, controle, vigilância e repressão do Estado Brasileiro resultou nas condições perfeitas para associação dos indivíduos em torno de um bem coletivo comum e emancipatório, desbocando numa elevação de consciência coletiva em relação ao seu próprio contexto social que fez um forte contraste ao individualismo normativo da sociedade, tendenciando a indignação e a revolta como um dos mais evidentes critérios de identificação social da atualidade e criando assim um perfeito caldeirão de efervescência política que embargou em si reivindicações populares em relação aos direitos básicos como moradia, acesso a cidade, qualidade de vida, saúde, educação, contra a homofobia, racismo, machismo, descriminação e preconceito, em defesa das minorias e liberdade de escolha e expressão entre outros assuntos gerais que na verdade intuem uma retomada do espaço publico e social por um sujeito político revolucionário que descentram mais e mais as estruturas da sociedade moderna promovendo o questionamento de signos tradicionais e naturalizados na cultura brasileira como a religião, o patriotismo e obediência servil e ignorante do povo oprimido. Essas mobilizações sociais rapidamente estruturaram seus próprios mecanismos de coesão entre as pessoas através da internet e redes sociais no que culminou na já histórica Jornada de Junho, também referida como "A Primavera Brasileira" e pejorativamente taxada por conservadores como "A Revolta dos Vinte Centavos" que foi excessivamente descredibilizada pela grande mídia e seus barões reacionários dando respaldo para que o governo corrupto e autoritário justificasse cada vez mais a ação truculenta e abusiva da Polícia Militar nas manifestações populares e também para criar uma massa de manobra entre a população mais alienada sobre as condições políticas e sociais do país que aderiram as mobilizações para servir como agente de contenção de uma tendência irreprimível de toda uma geração que no cair de sua grande ficha viu-se de encarando um estado fascista, violento e assassino. Este excessos os levaram em reflexões mais profundas sobre realidade do mundo atual, espalhando-se também em uma efervescência política de processos emancipatórios de revolta contra os males do capitalismo que abateram a Turquia, protagonizou a resistência da "Primavera Árabe", as revoltas na Grécia, na Itália no mesmo ano e interferiu de forma pontual em vários países ao redor do mundo por todo ano de 2013.














****Ênfase nas origens da tendencia de emancipação intelectual

É importante enfatizar que ao contrário do que se reproduziu na grande mídia essa tendência de emancipação intelectual e social do indivíduo como uma rejeição ao totalitarismo intrínseco nos regimes burocráticos e administrativos não eclodiram em todo país simplesmente do nada. O questionamento de até aonde de fato vai a nossa democracia militarizada e os clamores por mudanças que questionam nossa autonomia política em um país que reduz a cidadania a um voto obrigatório a obediência cega surgiram com muita força nas manifestações populares de junho que foram pontualmente caracterizadas pela ausência partidos políticos se apoiando assim em grupos e coletivos, e não de forma esporádica ou pejorativa, como foi sugerido pela mídia e rotulada como se fosse uma mobilização social de uma minoria apolítica e ignorante, mas na verdade foi este o resultado de um longo processo histórico dentro e fora das fronteiras deste país onde toda carga transgressiva e herança cultural que carrega as lutas populares atravessaram as décadas, sobreviveram a opressão e repressão do  regime militar e resistiram nas margens da nossa cultura e da tradição derivada de uma lógica industrial marcada pela opressão e exclusão social, resistindo em uma cultura transgressora dentro das periferias entre todos os marginais e minorias vomitados pela ordem condensaram a revolta por décadas insurgindo em expressões essencialmente culturais e artísticas que atravessaram gerações, uma revolta que questionava a autoridade e alimentava suas próprias aspirações num sonho periférico de justiça social e igualdade e contra a miséria a qual a grande maioria do povo brasileiro é submetido, essa tendência aglutinou interesses de vários grupos em seus questionamentos abrangendo homossexuais, antiproibicionistas, mulheres, trabalhadores, moradores de rua, e até uma insatisfação oriunda da classe média sob o rótulo de "anti-corrupção" que não exerceram muito pouca articulação nos manifestos populares anteriores pois tratava-se de uma indignação subjetiva de uma classe  que teoricamente desfruta de uma zona de conforto restringida a rodas de conversa e a internet.
Durante os anos anteriores a primavera brasileira foi nítida a ascensão desta tendência emancipadora, tomando como exemplo os movimentos de ocupações políticas inspiradas pelo Occupy Wall Street, tal como o Ocupa Sampa que aconteceu debaixo do Viaduto do Chá em São Paulo resistindo por meses e sendo uma grande oficina de autogestão para muitos militantes, e a Ocupação da Reitoria da USP uma das maiores universidades publicas do país, que tinham uma proposta pela a democratização dentro das universidades; Mobilizações como essas ganharam certo espaço sendo conduzidas por uma insatisfação indignada que sufoca milhões de pessoas neste país, casos fascismo promovidos pelo governo ajudaram muito a solidificar a revolta popular ao transmitirem com clareza a mensagem de que o estado brasileiro era inimigo de seu próprio povo, podemos citar aqui o Massacre do Pinheirinho que removeu milhares de famílias de suas casas e as destruiu como se fosse uma operação de guerra, práticas que viriam se tornar bem mais frequentes em todo país durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2014.

****Estopim, MPL e a Justa Insurreição Popular


Em meio a toda essa tensão política a ausência de um elemento sólida de ligação entre as pessoas fazia o cenário de uma revolta popular um cálculo distante, até que em alguma altura do ano de 2013 o recém-eleito Prefeito da cidade, Fernando Haddad (PT) anuncia o Reajuste da Tarifa de Transporte Publico em São Paulo aumentando o preço já era abusivo de 3,00 reais para 3,20 e assim afetando diretamente o bolso de grande parte da população usuária do sistema publico de transporte, em sua maioria pessoas de baixa renda, estudantes, trabalhadores e desempregados. O que logo gerou uma indignação massiva em relação a exploração da classe trabalhadora, e trouxe para o debate questões como acessibilidade urbana e uma cidade pensada para todos, a resistência contra o aumento abusivo (Outra possível determinação arbitrária e paliativa para cobrir gastos da Copa) foi encabeçada pelo Coletivo do Movimento Passe Livre, que desde sua origem identifica o transporte publico um direito dos cidadãos e um dever do estado, e tal como a Saúde, Educação e Segurança deveria ser igualmente gratuito e de livre acesso a todos. A conduta libertária do coletivo denunciava uma exclusão social através da Tarifa e manutenção de uma ordem de exploração sob as pessoas que favorece a Máfia do Transporte que constitui um grupo de empresários que controlam as frotas de Ônibus e Conduções em São Paulo e em outros estados, faturando com seu superlotamento e baixa qualidade, e também usurpando com a tarifa abusiva ainda qualidade de vida de todos os residentes da cidade, sob este posicionamento ideológico libertário se apoiaram as reivindicações que se seguiram nos protestos contra o Aumento da Tarifa em São Paulo no mês de Junho, encabeçados pelo MPL.

Neste vídeo documentário produzido pela Revista Vice mostra um Ato Contra o Aumento da Tarifa convocado pelo Movimento Passe livre em 2012, e serve de base para exemplificar a progressiva adesão popular em mobilizações sociais e políticas e também a Repressão do estado, que já é patrimônio cultural brasileiro desde a ditadura militar,  e como ela pode conduzir uma resistência combativa, também faz um resumo clínico da história do MPL, suas lutas e vitórias, assim como também traça um panorama geral das condições do transporte público em São Paulo.
PS: Utilize as opções de legenda do youtube para traduzi-la para português.



****Criminalização dos movimentos sociais pela mídia e opinião publica

Não é uma surpresa para ninguém que a perseguição e violência com a qual o Estado sempre lidou em relação as mobilizações sociais se apresente em uma escala absurda no Brasil. O fascismo institucionalizado na Polícia Militar é derivado do período ditatorial militar, no qual as estruturas e formas de atuação da policia era voltada para a perseguição e destruição de um inimigo político, o comunismo, afinal foi este o motivo que os militares apresentaram para fazer o próprio povo de refém por mais de 20 anos e promover torturas, assassinatos e estimular o terror social e psicológico em prol de uma hegemonia de controle e vigilância sob a população, na atualidade a normativa da polícia militar não mudou quase nada, ainda sustentando a mentalidade de identificação e abate do inimigo, esta instituição assume a segurança publica da nossa democracia. O fato de a Sociedade Brasileira ser majoritariamente ditatorial, concedendo apenas suspiros de democracia em sua história, também implica na falta de tato político dos indivíduos e uma alienação sobre seu próprio papel conjectural de influência e decisão política numa sociedade democrática, isso é uma expressão sintomática da cultura de tortura e repressão que produzia o medo de se expor e manifestar, em outras palavras uma Ditadura Enrustida que instrumentaliza o Medo como Mecanismo de Controle Social, e é justamente essa Ruptura em especial que caracteriza as revoltas de junho. O Abandono do Medo e do Conformismo por parte da população.
Claro que as manifestações populares enfrentaram grandes problemas nas ruas com o fascismo da polícia militar, mas dentro das casas o movimento enfrentava outro inimigo, uma mídia manipuladora que respaldava as ações violentas da PM durante os atos e criminalizava-os junto a seus militantes ativistas sob o rótulo de "Vândalos", e suas manifestações de "Baderna" ou "Quebra-Quebra", esta antiga estratégia desmobilizadora não é nova também foi utilizadas contra o Movimento Popular de 1968 e no histórico protesto de sindicatos trabalhistas de 1986 em Brasília que terminou em tumulto e ficou conhecido como "Badernaço". Logo a reprodução dessas falácias por toda grande mídia corporativa dividiu a população em duas frentes bem definidas os Ordeiros e os Vândalos, transformando a violência em espetáculo midiático enquanto a repressão piorava no decorrer dos atos.



Este vídeo faz uma compilação de matérias veiculadas pelos grandes veículos de comunicação, e retrata a manipulação que a mídia promoveu sobre as manifestações por questões políticas, se destaca a emissora de TV Globo, Record e Bandeirantes como as principais disseminadoras da ignorância.



****Violência Policial e a Difusão dos Abusos pela Internet

A Covarde Repressão Policial nos protestos logo vitimou jornalistas, ativistas e qualquer uma que se posicionasse frente a polícia, as cenas de abusos são desconcertantes e os militantes tiveram que rapidamente assimilar a face mais escura dessa democracia quando saíram as ruas para exercer seu livre direito a manifestação e encontraram uma Ordem estabelecida de fascismo e violência que violam direitos humanos básicos e a base civil de qualquer sociedade. O surgimento de um novo segmento informativo baseado na comunicação reticular da internet insurge nesse cenário, trata-se da Mídia Ninja e a ascensão de um Jornalismo Independente que passou a cobrir as manifestações pelo lado de dentro e em tempo real, além dos próprios manifestantes que fotografavam e filmavam a violência desmedida da polícia, atingindo um grande publico através das redes sociais, muitas vezes desmentindo e revelando o serviço de desinformação prestado pela grande mídia corporativa reacionária e estruturando mecanismos de defesa e difusão das manifestações, semelhante a inciativa do Indymedia - CMI (Centro de Mídia Independente) que surgiu nas Mobilizações Políticas de Seaetle nos EUA, durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1999, palco de grandes mobilizações anticapitalistas e contra a globalização.



A violência da policia apresentou-se como o principal fio condutor da revolta que estaria por vir, as imagens de abusos chegaram à internet aos milhares sendo de livre e fácil acesso a todos, e sensibilizou parte da sociedade que via nas manifestações contra o aumento da tarifa uma heroica resistência contra uma injustiça que afetou muitas pessoas, até que os internautas perceberam o que realmente estava acontecendo nas ruas da cidade. O número de manifestantes foram aumentando junto com a repressão no decorrer dos atos que juntamente com a revolta e a insurreição de um Sujeito Político Revolucionário se espalharam por todo país atingindo praticamente todas as cidades brasileiras, transformando-as num cenário de revolta popular que rapidamente abrangeu todas as denuncias de injustiça de diferentes grupos e causas pontuando a realizações de megaeventos, a crise de representatividade no cenário político e a corrupção institucionalizada na democracia capitalista, observando aberrações políticas deste modelo de gestão como, por exemplo, um Pastor Homofóbico que pertence a uma Bancada Evangélica num país Laico, vulgo Marco Feliciano, presidir a comissão de Direitos Humanos no congresso nacional e etc.



****A Retomada das Ruas pelo Sujeito Político Revolucionário

A retomada das ruas pela população trouxe o que gerações mais recentes tinham deixado no passado, a ânsia por liberdade, a reconquista do espaço público desprendido do medo condicionado pela ordem vigente é o que melhor caracteriza o Sujeito Político Revolucionário que espiritualizou as mobilizações sociais da Jornada de Junho assim como trouxe de volta o Anarquismo como agente de transformação social fazendo tremer as estruturas de poder e dominação na sociedade brasileira. A Revolta política que se disseminou através dos atos contra o aumento da tarifa culminou em uma insurreição popular nunca antes vista na história deste país, levando o questionamento de articulações simbólicas da vida social para outro patamar criando um cenário de Levante Popular que eclodiu em todas as regiões do país promovendo uma conexão de sintonia entre uma geração que abandonou o conformismo e sua zona de conforto para mudar sua realidade. Toda essa tendência apareceu em expressões artísticas e na produção cultural de conteúdo fruto dessa efervescência política.
Para dar exemplificar o clima de transgressão escolhi esta musica fruto da reunião de artistas independentes e ativistas de Londrina que incorporou bem o tema das manifestações e retrata bem o clima que indignação e transformação ativa que se configurou a primavera brasileira a partir do aumento da tarifa do transporte público coletivo.



Uma vídeo-cobertura de toda trajetória dos Atos convocados pelo MPL que encabeçaram a onda de revolta popular em junho produzido pela Revista Vice consolidou-se em um excelente documentário dividido em duas partes, bem completo acerca do tema onde acompanham de perto os desmembramentos das manifestações e apresenta de forma contundente o que de fato aconteceu em São Paulo durante o mês Junho.



(Os Vândalos)

A bandeira negra e o símbolo do anarquismo junto a Temas como "Rebelar-se É Justo" e "Vândalo É o Estado" podiam ser identificados numa crescente e galopante escalada no decorrer das manifestações posteriores as jornadas de junho e julho, ilustrando uma forte tendência de emancipação anarquista da opressão oriunda do sistema econômico e sociedade de consumo apresentando uma resistência combativa contra o fascismo instituído na sociedade brasileira que faz sua identificação na violência policial, perseguição política, hipocrisia da sociedade civil, manipulação midiática, escândalos de corrupção entre os dois maiores partidos políticos do país, além de práticas arbitrárias de remoções forçadas que atingiram centenas de milhares de famílias por todo país em um ritmo muito acelerado e sem nenhum respeito aquém os direitos humanos, higienização e uma "pacificação militarizada" de áreas de exclusão periféricas promovida pelo governo em função da Copa do Mundo de 2014 como o principal fio condutor dessa crescente onda de revolta contra todo o sistema, estrutura de exploração e opressão capitalista, além é claro da contribuição de escândalos como Esquema de Cartel nas Licitações do Metrô de São Paulo envolvendo membros do PSDB como o Ilustre porco fascista Geraldo Alckimin, Aluysio Nunes e José Serra, também conhecido como Propinoduto Tucano, pode somar até 40 bilhões de reais em dinheiro desviado do orçamento público; Também pelo  julgamento mais do que desastroso do Mensalão Petista onde só confirmou a impunidade para políticos e ricos como uma realidade, vale também ressaltar o Superfaturamento de Obras para a Copa do Mundo que estariam custando quase 3 vezes mais dinheiro aos cofres públicos brasileiro do que suas 3 edições anteriores. Segundo o ex-jogador de futebol e agora deputado federal Romário "A África do Sul teve um gasto de R$ 7,7 bilhões de reais em sua copa do mundo, o Japão de R$ 10,1 bilhões, a Alemanha de R$ 10,7 bilhões. Já os gastos Brasileiros estão em torno de R$ 28 bilhões de reais" sendo identificado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em um processo de investigação mais de 600 milhões de reais em irregularidades de obras preparativas para a copa do mundo desde 2009.
Mas é claro que uma tensão anarquista não se contentou a superficialidade de escândalos políticos, questionando também todo o imperialismo do capital e opressão do  sistema econômico sobre a vida das pessoas comuns. Identificados como Vândalos pela mídia alienadora, os manifestantes adeptos da tática Black Bloc aderiram às manifestações emprestando sua força e coragem em defesa dos manifestantes e formando uma resistência combativa disposta a abordar criticamente todo sistema de articulação simbólica da sociedade, inclusive no campo de coerção condicionado pelo estado de poder e dominação, resistindo pelo direito inalienável de expressão e ação social popular, coletiva e individual organizada ou não, em respeito pela vida e liberdade de todas as pessoas, subvertendo assim a ordem fascista que normatiza estado brasileiro e força opressora da polícia militar, assim como símbolos categóricos do capitalismo num movimento anti-sistêmico característico da pós-modernidade já expressamente diluído ao redor do mundo protagonizando a resistência combativa em grandes mobilizações populares como na reunião da OMC em Seatle (1999), a reunião do G8 em Genova na Itália (2001), as revoltas do Povo Gegro em Atenas (2011) entre outros eventos ----




(Os Coxinhas)

Naturalmente a cultura e tradição proto-fascista da sociedade brasileira, com ênfase na paulistana e carioca, projetaram a agitação política para além da perspectiva libertária criando uma aglutinação de temas relevantes a insatisfação geral e lançando um olhar crítico sob a sociedade criando assim um enorme número de entusiastas em sua grande parte despolitizados que aderiram as mobilizações sociais através do reconhecimento de um novo e influente critério de identificação social insurgente, buscando nessa tendência níveis de pertencimento relacionados a uma época de mudanças e combate as injustiças dessa sociedade, como a aderência foi massiva era de se esperar a interferência de mecanismos de condicionamentos morais do estado e consequentemente acabou servindo para embargar os menos conscientes do contexto político da sociedade em um plano global na atualidade como massa de manobra para mídia corporativa e instituições do estado para justificar todos os abusos policiais e colocar a população como agente de contenção do ativismo social taxando-o de vandalismo e baderna dividindo assim os manifestantes conhecidos como "Coxinhas" ou pelegos. Estes dissidentes do neoliberalismo da classe média paulistana defenderam a propriedade privada e um patriotismo tosco e vazio frente a uma crise que não é recente de representação social e política na sociedade brasileira, apropriando-se do discurso sobre vandalismo institucionalizado pela grande mídia corporativa, criminosa em seus conluios com o fascismo brasileiro, e defendendo uma manifestação pelega sob o véu do "pacifismo" recheado de um falso moralismo desconcertante. Além de se caracterizarem com a bandeira brasileira e puxarem o hino  nacional durante os atos (Que com a adesão em massa  deste grande publico se transformaram em marchas carnavalescas sem foco específico que embargava todos os tipos de motivação política, inclusive uma movimentação de setores reacionários de extrema direita, como alguns grupos de ignorantes levantaram cartazes pedindo uma intervenção militar contra a corrupção [petista, é claro] )  também são reprodutores de temas como "Sem Vandalismo" e "Sem Violência"  que ilustram claramente a falta de tato político e o lugar que ocupam entre o governo e a ordem estabelecida e a insurreição de uma revolta popular. A interferência desses grupos nas manifestações sofreu um grande abalo a partir do mês de agosto quando o clima em torno das mobilizações sociais no país presenciou uma mudança de postura dos manifestantes dando lugar a um combate direto com as forças repressoras do estado e uma resistência combativa que radicalizou os atos, muitos pacifistas reverão seus conceitos e rebelaram-se por justiça numa tendência que só ganhou força nos meses que viriam a seguir, a intensa perseguição política dos manifestantes e a absurda violência policial levaram muitos a aderirem a tática Black Block e um discurso de emancipação política, econômico e social o que colocou muitos pelegos, neoliberais e reacionários fora das ruas.




Em um panorama geral a Jornada de Junho teve importantíssima relação para com o rumo das mobilizações políticas no país nos meses posteriores e na articulação anti copa do mundo que viria entrar em evidência em alguma altura do ano e chegar com força total em 2014, num resumo geral os protestos contra o aumento da tarifa do transporte publico surtiu efeito e a tarifa voltou a ser o que era. Mas esta conquista está muito longe de ser o maior benefício que nos trouxe o histórico mês de Junho de 2013, a união, o inconformismo e uma nova forma de viver seu sonho nasceu ali, o desejo de ser e fazer acontecer a mudança que se quer ver no mundo em um resistência combativa aos males do capitalismo se instaurou a esperança de um mundo mais justo, com mais paz e vida para todos! E este foi seu maior legado, deixarei para encerrar a Música-Manifesto produzida bem durante o período dos acontecimentos de junho que traduz de forma sem igual o sentimento daqueles dias, Hino à Rua!



Posteriormente escreverei sobre as outras jornadas de 2013, e possivelmente ás deste ano. Que mantenhamos viva a chama dessa revolta e assim como diz a canção "Combatemos Para Impedir o Inimigo de Vencer", e não sufoquemos o grito de "NÃO VAI TER COPA" lembremos deste ano que acabou, dos feridos, dos injustiçados, das batalhas e das vitórias.
É com gosto que escrevi sobre aqueles dias de revolta pois,
Pensar é Viver
Lembrar é Resistir! (A)

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