Da ferida

Vamos celebrar a vida. O que vem depois do começo.

Por Gustavo Lourenço da Silva

Se eu tivesse um tumor, sei como o chamaria. 

A temperatura do sentimento, intensidade em que existia. Era a primeira vez que o sentia. As palavras travadas no começo. Ingenuidade genuína.

Lembrarei com carinho de todas minhas idiotices do passado, dos erros, da paixão em querer conhecer a vida.

Quem nunca teve momentos assim ?

O tempo passa e aprendemos com isso, seu movimento, e com a experiência que acumulamos com os acontecimentos da vida. Temos expectativa, o que é ótimo.

O tempo também nos presenteia a todo momento, muitas vezes com presentes imprevisíveis, ou que ao menos acreditávamos ser. Algumas outras com coisas desagradáveis, outras boas. Independente da embalagem.

Acho que todo tem que passar por isso, aprendermos alguma coisa.

A primeira experiência, sempre estranha, nova. Um chute na porta do desconhecido, uma aposta. Esperança, necessárias nesta intensa busca que é nossas vagas vidas breves. E o que buscamos? Simples lembranças.

Algo para nos recordar no final da vida e nos sentirmos vivos de novo. Sentir talvez felicidade.

Que espécie de coisa garante bons dias?

Saímos do nosso mundo para celebrarmos nossa existência. Conhecer a vida.

As coisas apenas começaram, mas não se anime com isso.

Amará também, rirá, sentirá felicidade e tudo o que puder. Mas sempre carregará suas feridas.

O tempo nos da essa chance, de experimentar morrer e continuar. E os que vivem em meio em suas fantasias, fechado. Lupado. Nunca entenderam, é como alguém pensar que entende o que é voar.

Temos que ter a maturidade para aceitar o tempo, por mais que ele arranque coisas de nós. Entender, e aceitar o que vai e o que virá. E principalmente, lidar com isso.

Mas as primeiras experiências são as tatuagens que ficam na alma.

o tempo mostrou que antes, tinha mais para entender e aprender do que pensava, e ainda tem muito mais por vir.

E olhando de longe éramos adolescentes, com muito pela frente. Com todos os erros a espera nossa espera, Sabores e cores.

Olhando de dentro, éramos perfeitos. Perspectiva ingênua e privilegiada.

Temos que lidar com as aparências das coisas. Pois o que são em sua natureza, nunca saberemos.

Aprendemos isso entre os tropeços.

Se eu tivesse um tumor, sei que o chamaria com o mesmo nome da minha primeira ferida. Do meu primeiro amor e da primeira dose de todas as dores da vida.